quinta-feira, 19 de março de 2009

A visão do monte

Eu prometi na última postagem que escreveria uma reflexão sobre o livro do Êxodo. Vou aproveitar esse momento (acabou o expediente aqui na NT) e vou transcrever aquilo que achei interessante em minhas meditações.
Estive lendo num dia desses o capítulo 24 do livro do Êxodo. No meio da minha leitura, levei um susto. Vou explicar. O capítulo fala da aliança que Deus fez com Moisés e você sabe, em toda a aliança (hebraico berit, que indica relacionamento) que Deus faz com o homem, existem alguns tópicos bem nítidos e definidos: derramamento de sangue, bênçãos à descendência (incluindo terras, prosperidade, descendência numerosa e próspera, etc) e também condições. Deus se apresentou a Moisés no monte e em seguida, Moisés ofereceu muitos sacrifícios, ratificando assim a aliança com Deus. A cena que se desenrola é linda. Moisés e os anciãos conseguem VER o Deus de Israel. A Bíblia descreve essa visão: "Sob os seus pés havia uma como pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade". V. 10. Você percebeu que coisa extraordinária? Moisés e os anciãos VIRAM o Deus de Israel. Que experiência religiosa fantástica! Isso eu considero como atingir o ápice do sucesso espiritual. A verdadeira intimidade com Deus!
Não sei se você que está lendo esse blog já atingiu alguma vez o seu apogeu espiritual. Você deve até se lembrar desse momento. Comunhão com Deus. Senti-Lo como se estivesse à sua frente. Que momento maravilhoso, não? Não estou falando de perfeccionismo religioso. Estou falando de proximidade com Deus. Comunhão com Ele.
Mas o que eu quero frisar nessa reflexão não é apenas isso. O susto que eu levei ao ler esse capítulo foi quando meu olhos passaram sobre o nome de duas pessoas: Nadabe e Abiú. Eu perguntei para mim mesmo: "O que que esses caras estão fazendo aqui em cima do monte?". "O que que eles estão fazendo aqui, vendo a glória de Deus?"
Nadabe e Abiú eram os filhos de Arão, o pastor de Israel, o sumo-sacerdote. Eles subiram juntamente com Moisés, Arão e mais alguns anciãos e tiveram o privilégio de ver a Deus. Aqueles moços aprenderam desde cedo o que era comunhão com Deus. Afinal, eram os filhos do pastor! Viviam na igreja. Cantavam os hinos da igreja. Eram até chamados de "pastorzinhos"! Finalmente, se tornaram sacerdotes.
Sabe, quando eu falo sobre filhos de pastor, eu sei muito bem do que estou falando. Sou filho de pastor desde o ventre. Sei o que são os hinos da igreja, o que é um culto, o que significa uma reunião religiosa. E eu sei o que Nadabe e Abiú enfrentavam: o cotidiano religioso.
Existe um perigo muito grande para quem vive esse tal "cotidiano religioso". Sabe qual é? É você se acostumar com a religiosidade. E aí você corre um perigo maior: o sagrado se torna comum, banal.
O problema não está em subir o monte da adoração. O problema não está em ver a Deus. Isso é algo maravilhoso! O problema consiste em não permanecer lá. E depois das montanhas vem os vales. E quanto maior a montanha, maior será o vale. O pecado consiste em descer da montanha (lugar onde a visão é fantástica, mas o ar é rarefeito) e acostumar-se com as pastagens do vale. O pecado consiste em não buscar a escalada diária para ter a visão de Deus.
Por que estou dizendo tudo isso? Porque quando eu leio Levítico 10:1 e 2, eu vejo que os filhos do pastor de Israel misturaram o sagrado com o comum. A Bíblia diz que "tomaram cada um o seu incensário e puseram nele fogo... e trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara".
Nadabe e Abiú desceram para vale. Usaram o fogo de maneira errada, na hora errada, com os instrumentos errados e com o espírito errado. O fogo não era o fogo do altar, o incensário não era santificado, o dia não era o certo e a motivação deles era errada. Tudo errado. E eu pergunto: "Cadê a visão do monte? Onde está a consagração?" Resposta lógica: ver a Deus hoje não significa ter a sua presença amanhã. Eles perderam o foco. Não buscaram mais manter a visão de Deus. E o resultado: morreram diante da presença do Senhor. Fulminados. Ah, eu esqueci de uma coisa: provavelmente estavam embriagados (v. 9).
O apelo de Deus para você e para mim é: busque a comunhão diária. Não se acumula consagração pra amanhã. Você já percebeu como as maiores desgraças na vida espiritual vêm depois dos grandes sucessos espirituais? Depois de uma semana de oração? De uma vigília?
Mantenha-se dia a dia, no monte da adoração. Ali está o seu lugar de refúgio. (esse será o tema da próxima reflexão).
Abraços e bom final de semana!
Milton

5 comentários:

  1. Bonita meditação Pr. Milton.
    Sempre que posso leio suas postagens.
    Um abraço e um bom final de semana

    Arautos somos todos....

    AP Florenttino

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  2. Olá AP Florenttino,

    Que bom que você está acompanhando o blog. Fico muito feliz com isso. Um grande abraço pra você e um excelente final de semana!

    A gente se fala!

    Milton

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Parabéns... Seu blog esta bem organizado e atraente... Que Deus lhe conceda cada dia mais inspiração para pregar o evengelho com tão belas mensagens...

    Abraços

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  5. Gostei da matéria....interessante! Pode nascer mais filhos de pastores como vc, o Menderson, Deus precisa de filhos como vcs! Aí tá chegando um!! hihihi

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