sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A reforma de Ezequias


Muito se fala hoje em reforma e reavivamento na igreja. Essa é a nossa mais urgente mensagem. Mas, o que significa verdadeiramente essa reforma? Existe algum modelo bíblico que nos ensina a praticá-la? Que princípios envolvidos no texto bíblico podem ser aplicados hoje?

II Crônicas 29 a 31 traz oito princípios fantásticos a respeito da tão sonhada e necessária reforma. Se estes princípios forem devidamente incorporados em nossa vida pessoal e coletiva, teremos a oportunidade de experimentar o refrigério do Espírito Santo, o “reavivamento da verdadeira piedade”.

O texto fala a respeito da reforma executada pelo rei Ezequias. Quem foi esse rei?
Ezequias era filho de Acaz, um dos piores reis que o reino do Sul, Judá, teve. O reinado de Acaz foi tão terrível que o cronista não achou nenhuma qualidade para elogiar. Ele seguiu os passos do seu “pai” Jeroboão. Idólatra, teve a resolução maligna de queimar seus próprios filhos a deuses pagãos. Que filho de Belial!

Ao contrário de seu pai Acaz, Ezequias seguiu os passos de seu “pai” Davi - fez o que era reto ao Senhor. Ele promoveu o verdadeiro culto em Israel. Ele consultava constantemente ao Senhor, antes de tomar alguma decisão. (Essa era uma grande virtude espiritual de Davi).

Deste relacionamento pai/filho podemos extrair uma grande lição: não importa quem são nossos pais ou a forma como fomos criados. Quem determina o nosso destino e caráter somos nós mesmos. Somos fruto de nossas próprias escolhas. Parece que Ezequias seguiu o melhor caminho – escolheu a vida. (Dt 30:19). O mais curioso ainda é que o filho de Ezequias foi o famoso rei Manassés. Rei ímpio e perverso que também queimou os filhos no vale de Hinom. (II Cr 33:6) Dentro desta genealogia, Ezequias foi um recheio positivo dentro de dois personagens maquiavélicos na história de Judá!
Então vamos aos oito princípios na reforma efetuada por Ezequias, a partir do ano 715 a.C.:

1. Ezequias não apenas abriu as portas do Tempo – Ele removeu as impurezas e imundícias que estavam ali. II Cr 29:5, 16. Os líderes de Judá haviam levado todo o tipo de ídolos e práticas imundas para dentro do Templo, um lugar que deveria ser separado para fins puros e santos. Até imoralidade sexual e depravação tiveram espaço ali. Ezequias agora faz uma faxina espiritual e retira tudo aquilo que promovia um sincretismo vil e maligno dentro do povo de Deus.

Esse é o primeiro passo para a verdadeira reforma em nossos dias: remover do nosso coração, ouvidos, olhos e mãos tudo aquilo que mina e destrói a verdadeira comunhão com Deus. Precisamos abandonar o egoísmo, orgulho, soberba, ganância, sexualidade depravada, inveja e muitos outros maus traços de caráter. Só para adiantar pra você: pelas nossas próprias forças não conseguiremos remover esses vícios do coração. Precisamos desesperadamente do Espírito Santo de Deus, para que queime e destrua toda a escória de pecado que existe nos lugares mais recônditos de nosso coração. (Jo 16:8) Peça isso a Ele hoje!

2. Reforma implica em promover um culto e liturgia que honrem a Deus. II Cronicas 29:25; 30:21. Um dos textos bíblicos que mais respaldam o ministério da música em toda a Bíblia são estes acima. Eles nos informam que a instituição da música e dos líderes de louvor no Templo vieram segundo o “mandado do Senhor”. Além disso, o texto nos informa que eles faziam isso “em honra ao Senhor”. Portanto, a ideia de se fazer música na igreja não foi originada por mentes humanas, mas sim, pela mente infinita de Deus. Ele é o criador da música. E Ele nos informa ainda qual é o objetivo dela: “honrar ao Senhor”. Qualquer ministério de música que possui um fim em si mesmo e não procura honrar ao Senhor acima de tudo, está indo de encontro ao verdadeiro propósito instituido por Deus.

Além destas importantes informações, o verso 34 nos afirma ainda que “os levitas foram mais retos de coração para se santificarem, do que os sacerdotes”. Ou seja: os músicos, os ministros da música buscaram mais ao Senhor do que os próprios sacerdotes. Será que isso nos indica alguma coisa? Será que o mesmo Deus que lê os corações faria esta mesma distinção hoje entre os músicos e os pastores?

3. Reforma implica em organização: Ezequias organizou o turno dos sacerdotes e levitas. Aplicou devidamente os dízimos e recolheu fielmente as ofertas. II Cr 31:2 Não existe Reforma espiritual sem organização, planejamento, sem o uso correto do tempo e dos recursos financeiros e humanos. O nosso Deus é um Deus de organização. Ele quer ver lares organizados, mentes organizadas, instituições organizadas, igrejas organizadas, liturgias organizadas, ministérios organizados... Qual uma engrenagem que funciona num sincronismo perfeito, as instituições da igreja devem coexistir, tanto a nível local como geral.

4. Reforma deve promover a unidade. “Dando-lhes um só coração”. II Cr 30:12. Tem gente que busca a reforma sozinho. Quer o poder pra si. Não se importa com os outros e com o que os outros pensam. Mas a reforma possui uma face coletiva. Ela deve contagiar o próximo e promover a unidade de pensamento e sentimento. Esse era o sonho do apóstolo Paulo para os Filipenses em sua epístola da alegria. (Fp 2:3,4). Seria tão bom se a igreja buscasse a reforma visando a unidade EM AMOR! Esse é o vínculo que deve reger nossos relacionamentos.

5. Na verdadeira reforma, Cristo está no centro da vida e da pregação. Ezequias mandou que o povo de Judá celebrasse novamente a Festa da Páscoa. Eles imolaram o cordeiro pascal, símbolo da redenção e libertação em Cristo Jesus. (I Pe 1:19) A tônica da reforma é a justificação pela fé. Lembremos que a salvação não é uma reforma “de fora para dentro”, mas “de dentro para fora” - que vem primeiramente do coração.

Muitos hoje buscam uma reforma apenas exterior. Pensam que a reforma é apenas uma mudança na forma de se alimentarem. Pensam que se deixarem de comer açúcar, por exemplo, alcançarão um nível superior de religiosidade. Eles se equivocam, porém, que a reforma começa de dentro para fora. Eles se esquecem de buscar e exaltar a Cristo em sua vida. Preocupam-se com a letra da Lei e não com a espiritualidade da mesma. Você não acha que deveríamos colocar novamente a Cristo como o foco de nossa reforma espiritual? Você não crê que a mensagem da justificação pela fé está intrinsecamente ligada à mensagem da santificação? Então por que costumeiramente disassociamos uma da outra em nossa vida? Por que queremos buscar a santificação sem o constante depender de Cristo? Precisamos fazer como Ezequias: relembrarmos que sem o sacrifício vicário de Jesus, o Cordeiro de Deus, não existe Reforma espiritual.

6. Reforma gera oposição em alguns. Muitos riram e zombaram ao saberem que Ezequias queria promover novamente a Páscoa. II Cr 30:10. Para alguns, querer mudar de vida e atitudes é algo quase impossível, pois irá gerar grande oposição ou ridicularização por parte de amigos e familiares. Mas não existe outro caminho. Quem quiser experimentar a reforma espiritual, deverá estar preparado para críticas.

7. A oração intercessória é indispensável na reforma. II Cr 30:18-20. Deus age quando oramos pelos outros. Da mesma forma como ocorreu com Salomão (I Rs 8:46-50) e Daniel (Dn 9:5), Deus ouviu as oração de Ezequias em favor do Seu povo. Que exemplo para nós hoje! “Muito pode por sua eficácia a súplica do justo”. Tg 5:16.

8. O resultado da reforma é a pregação do evangelho. Depois de enviar cartas, correios para o grande ajuntamento em Jerusalém, vieram muitos estrangeiros. Esse é o objetivo da reforma pessoal e coletiva – a pregação das boas novas de salvação!

Certa vez, acharam escrito no diário de um pastor a seguinte oração: “Senhor, reaviva a Tua igreja, mas comece comigo”. Precisamos fazer essa mesma oração a Deus hoje. Precisamos aplicar esses princípios em nossa vida, para que alcancemos a verdadeira reforma e reavivamento que tanto necessitamos para o nosso tempo, se quisermos ver Jesus voltando em nossa geração. Aí sim, receberemos o refrigério da chuva serôdia do Espírito Santo.